Equipe de técnicos da Vigilância Ambiental passou por nova capacitação na manhã desta quinta-feira (24/04), na sede da Secretaria Municipal da Saúde, na etapa que antecede a implantação de nova estratégia por parte do Município nas ações integradas de prevenção e controle da dengue. A previsão da Diretoria de Vigilâncias em Saúde (DVS) é de que a nova frente, baseada na instalação de armadilhas que visam atrair fêmeas do mosquito, passe a ser deflagrada em locais estratégicos já no início de maio. A fim de esclarecer protocolos de manejo da nova tecnologia, o Governo do RS enviou à cidade o agente de saúde pública do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), Carlos Francisco Ferreira, que junto a dois servidores técnicos da 8ª Coordenadoria Regional de Saúde, ministrou treinamento teórico e prático a 11 servidores da SMS, sendo nove agentes de combate às endemias e dois técnicos da DVS.
O método a ser integrado ao plano da Vigilância Ambiental é denominado armadilhas de oviposição (ovitrampas) e, ao contrário da técnica de pulverização em Ultra Baixo Volume (UBV), o chamado “fumacê” acoplado à veículo – que visa a eliminação de mosquitos adultos alados – vai atuar sobre as fêmeas do Aedes aegypti e, a partir da deposição dos ovos, permitir o monitoramento e controle da população do inseto. Funcionam como um criadouro artificial, com água, levedo de cerveja (para atrair o mosquito) e uma paleta de Eucatex onde a fêmea deposita os ovos. Deverão ser instaladas em torno de 100 armadilhas, distribuídas nas áreas de atuação dos agentes de endemias, mediante prévia autorização do proprietário ou responsável pelo imóvel, em locais estratégicos definidos a partir das características do lugar, devendo abranger residências particulares, escolas, unidades de saúde, entre outros ambientes.
MAPEAMENTO E ANÁLISE LABORATORIAL
A fim de monitorar os mosquitos, permitir a coleta dos ovos e viabilizar estratégias de vigilância e direcionamento de controle da dengue, as armadilhas permanecerão uma média de cinco dias nos locais de instalação até o recolhimento das amostras e posterior análise laboratorial. Através deste mapeamento, explica a bióloga da SMS, Rosinele Perez, será possível rastrear a população do mosquito, identificar com mais exatidão as áreas de risco e direcionar as ações de controle por parte do poder público. “As armadilhas são consideradas um método acessível e de alta sensibilidade para detecção de mosquitos em um determinado ambiente, que vem sendo bastante utilizado em outros municípios, com bom índice de aprovação”, destaca a bióloga.
Os protocolos técnicos adotados propiciarão a troca mensal destas armadilhas, em uma ação planejada pela DVS e desenvolvida concomitantemente com outras tecnologias em uso nas diferentes frentes de trabalho, que envolvem também: aplicação de produtos químicos e biológicos (a depender da técnica empregada) de maneira motorizada (inseticida Cielo em UBV para áreas maiores) ou através de máquinas costais - ou dispositivos portáteis carregados por operadores para tratar áreas de menor escala (larvicidas através de borrifação residual intradomiciliar - BRI); aplicação de larvicidas em pastilhas nos pontos estratégicos dos locais infectados e preliminarmente monitorados pelos agentes de endemias.
RECADO IMPORTANTE DA BIÓLOGA:
“Diferentes produtos são manejados através de equipamentos/formatos diversos e usando técnicas adequadas à cada situação ou ambiente, sempre observando critérios técnicos devidamente preconizados pelo Ministério da Saúde e com segurança garantida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, destaca Rosinele Perez. Os métodos são adaptados conforme a frente de trabalho, sejam elas as visitas regulares dos agentes da vigilância ambiental, sejam as ações através de mutirões nos bairros, os roteiros veiculares dos fumacês ou das aplicações via equipamentos portáteis conectados às costas de cada operador/agente. Paralelamente ao trabalho de campo, agentes da SMS fazem também ações educativas nas escolas e comunidade em geral, ao mesmo tempo em que buscam integrar a opinião pública neste cronograma coletivo (incluindo veículos de imprensa), através de assessoria técnica de comunicação.
A Diretoria de Vigilâncias em Saúde (DVS), através da Vigilância Ambiental, esclarece que o plano efetivo de controle da dengue está condicionado à sobreposição de esforços, através do manejo integrado de diferentes frentes: saneamento, educação em saúde, participação da comunidade, vigilância em saúde e controle vetorial. “Aliás, importante explicar que o controle vetorial prioritário é o mecânico (e de responsabilidade de todos), com remoção de focos e criadouros devendo ser adotada pelos moradores em cada imóvel, mediante adequada destinação de resíduos, em cuidados que devem ser rotineiros e periódicos”, detalha a Diretora da DVS, enfermeira Andréa Santos.
Segundo ela, é por esta razão que o “Fumacê” não poderá ser aplicado em algumas ruas, dado que o trabalho preliminar de limpeza – que garante a eficácia da técnica – não foi devidamente realizado naquela região. “Os cuidados domésticos para eliminar os focos do mosquito devem permanecer e se manter como rotina das famílias, somando-se ao trabalho das equipes, que permanecem diariamente nas ruas. Nos cenários de crise, como o que estamos enfrentando neste momento, entra em cena com mais força o poder público com o devido controle químico condicionado às áreas mapeadas, muitas vezes atuando onde o trabalho preventivo ao mosquito já falhou”, acrescenta a diretora.
MEDIDAS DE CUIDADOS EM CADA IMÓVEL
- Eliminar focos de mosquito da dengue regularmente e permitir acesso dos agentes durante as visitas, buscando as orientações técnicas trazidas por estes
- Manter caixas d’água devidamente fechadas e verificar se há acúmulo de água sobre a tampa
- Providenciar a limpeza de calhas, dos vasos de folhagem com areia, de pneus, manter garrafas viradas para baixo ou protegidas