Técnicos da Defesa Civil do Estado deram início nesta terça-feira, 4, aos estudos preliminares na busca de um diagnóstico definitivo para a movimentação de massa (desmoronamento) de grandes proporções ocorrido no extremo sul da cidade, no talude (barranco) do Rio Jacuí, junto à área do HCB, Cemitério das Irmandades, Trevisan Alimentos e outras duas propriedades particulares. A presença do geólogo Kray Sadi de Melo, e da engenheira civil Lavínia Santos, do quadro técnico do Departamento de Gestão de Desastres da Defesa Civil gaúcha, e dos técnicos bombeiros Franco, Pivetta e Rodolfo, atende aos processos iniciados em janeiro deste ano. Foi quando a Mitra Diocesana, proprietária do cemitério, e a diretoria do hospital procuraram a Prefeitura Municipal para solicitar apoio na busca de solução para conter o avanço da erosão que já comprometeu a estrutura do campo santo, avança sobre o estacionamento do HCB, e aproxima-se de um galpão da antiga Cotricasul, hoje pertencente à Trevisan Alimentos.
Diante da demanda, em fevereiro foi montado um grupo de trabalho, com técnicos da Prefeitura Municipal, Defesa Civil, HCB e Diocese, além de representante do Comitê de Bacia do Baixo Jacuí, coordenado pelo chefe de Gabinete, Cleiton Santos, que se reúne periodicamente e elaborou um dossiê com dados técnicos preliminares. Este dossiê, com os primeiros estudos realizados e imagens, abriu processos em duas instâncias: Estado, junto à Defesa Civil, Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Secretaria Especial da Reconstrução, e União, junto à Defesa Civil e Ministério Especial da Reconstrução.
Após audiências do prefeito Leandro Balardin com o governador Eduardo Leite e com o coronel Luciano Boeira, chefe da Casa Militar do Estado, foram iniciados os procedimentos técnicos. A presença do quadro de especialistas em desastres do Estado, avaliando as proporções do desastre, seus riscos de continuidade e que tipo de informações e estudos são necessários para um diagnóstico completo, diante da complexidade da ocorrência, é considerado fundamental para dar base à elaboração de um projeto e a busca de recursos federais para as obras de contenção da encosta. A União já sinalizou com recursos, desde que receba do Estado o diagnóstico e o projeto.
As entidades privadas avaliam que o custo apenas dos estudos de diagnóstico da causa dos desbarrancamentos, pode custar de R$ 500 mil a "alguns milhões".
A vistoria foi realizada pela água, com apoio de embarcação do Corpo de Bombeiros de Cachoeira do Sul, e também pela visita in loco às regiões afetadas. Além dos técnicos e da Defesa Civil Municipal, participou a secretária de Gestão, Governança, Parcerias e Inovação, Paola Braga e o secretário-adjunto Rodrigo Pereira. Na segunda quinzena de novembro o prefeito terá audiências na capital com representantes do governo para tratar, novamente, do assunto. No final do mês, o Comitê de Bacia, que também requisitou estudos do Estado sobre o desmoronamento para a elaboração de um diagnóstico, se reunirá em Cachoeira do Sul e a Prefeitura apresentará o andamento das demandas e discutirá caminhos e soluções para os efeitos das enchentes.
Complexidade
O engenheiro florestal Fernando Bernál, consultor ambiental da Mitra Diocesana, afirma que se trata de uma movimentação de massa com aspectos complexos, dada à interação de diversos fatores geológicos e hidrológicos, além das próprias intervenções no local e dos fatores climáticos. "O fenômeno é complexo e a solução também", avisou. O Cemitério das Irmandades segue parcialmente interditado pela Defesa Civil por medida de segurança, e além de uma residência que foi interditada em 2024, recentemente foi interditada a área junto a um galpão da empresa Trevisan Alimentos.
Esta semana a Defesa Civil deverá avaliar o estacionamento do HCB para verificar a necessidade de estabelecer uma contenção e interditar alguns metros mais próximos da zona de colapso. "Trata-se de um movimento de massa permanente, aonde o solo continua trabalhando, então as vistorias e a adoção de medidas de segurança são permanentes até que se encontre uma solução definitiva", explica o superintendente da Defesa Civil, Sérgio Frankini.
UFSM
Na tarde desta terça-feira, representantes da Prefeitura Municipal e Defesa Civil também se reuniram informalmente com engenheiros de um curso de extensão da UFSM, no Campus de Cachoeira do Sul. O grupo demonstrou interesse em assumir a realização dos estudos de diagnóstico, e deverá formalizar ao Executivo Municipal uma proposta e um orçamento.