Nesta quarta-feira (24) é celebrado o Dia Mundial da Pólio. Foi neste dia que nasceu Jonas Salk, cientista criador da primeira vacina contra a pólio (injetável) em 1955. Mais tarde veio a vacina oral, a famosa “gotinha”, desenvolvida por Albert Bruce Sabin em 1961. A data é celebrada com o objetivo de chamar a atenção do público para a necessidade de acabar com a doença. Em muitos lugares ela já foi erradicada, mas em outras regiões do mundo ainda carece de cuidados.
A poliomielite é uma doença altamente infecciosa causada por um vírus que invade o sistema nervoso e pode causar paralisia total em questão de horas. O vírus entra no corpo através da boca e se multiplica no intestino. Caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito. Acomete em geral os membros inferiores, de forma assimétrica, tendo como principais características a flacidez muscular, com sensibilidade preservada, e a arreflexia no segmento atingido.
A transmissão ocorre por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral (mais frequentemente), por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou pela via oral-oral, através de gotículas de secreções da orofaringe (ao falar, tossir ou espirrar). A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do poliovírus.
O vírus tem atração pelas terminações nervosas, causando uma inflamação que lesiona de maneira irreversível os nervos que comandam os músculos. Crianças mais novas, em especial as com menos de um ano, estão mais suscetíveis a contrair esta apresentação aguda, que na maioria dos casos deixa sequelas definitivas: paralisias geralmente assimétricas, em uma das pernas, que deixam os membros mais flácidos e impedem que os músculos funcionem adequadamente.
“Não existem casos em nosso município, nem suspeito. Mas estamos alerta através da vigilância das Paralisias Flácidas Agudas”, explica a enfermeira Andréa Corrêa Santos, da Vigilância Epidemiológica de Cachoeira do Sul. Segundo ela, o último caso de poliomielite no Brasil ocorreu em 1989 e desde 1990, não são registrados casos da doença, que é grave e foi responsável por danos irreversíveis para milhares de crianças no mundo. As ações de prevenção e controle, em especial a vacinação, contribuíram para que, em 1994, o país recebesse da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) a Certificação de área livre de circulação do poliovírus selvagem do seu território, juntamente com os demais países das Américas
Vacinar é fundamental
Diante deste quadro mundial, há necessidade da união de esforços para manutenção do país livre da doença. As coberturas vacinais municipais ainda são heterogêneas no Brasil, podendo levar à formação de bolsões de pessoas não vacinadas, possibilitando, assim, a reintrodução do poliovírus. Desta forma, é importante que autoridades, gestores e profissionais de saúde e comunidade em geral trabalhem de forma integrada para minimizar os riscos e a possibilidade de reintrodução desta doença no território brasileiro. Na última campanha nacional, Cachoeira do Sul atingiu a meta mínima estipulada pelo Ministério da Saúde que é de vacinar 95% da população na faixa etária dentro do período oficial da campanha. “Nossa população encontra-se protegida da circulação do poliovírus, mas as crianças devem ser vacinadas dentro dos calendários de rotina de forma individualizada”, enfatizou Andréa .
A vacinação contra polio inicia nos primeiros meses de vida com a forma injetável. Aos 2 , 4 e 6 meses a criança recebe injeção. Depois de um ano ela recebe a VOP, que forma oral da vacina (gotinhas), assim como aos 15 meses e 4 anos. As crianças que convivem com o vírus HIV devem receber em todas idades a vacina injetável.
Esta vacina contra a paralisia está disponível nas nove salas de vacinas em Cachoeira do Sul. O ideal é que as famílias procurem as salas próximas ao seu endereço. A compreensão da família sobre a importância dos esquemas de vacinação é fundamental, principalmente com relação a busca de informações claras como forma de afastar os mitos. Além disso, os agentes comunitários de saúde devem divulgar as informações referentes a importância de manter as vacinas em dia e busca de faltosos junto as equipes das unidades. “Sempre que ocorrer Campanha Nacional de Vacinação, a população deve atender ao chamamento e levar seu filho para vacinar, pois as doses e as faixas etárias são definidas por estudos epidemiológicos para proteção das pessoas mais suscetíveis a doença”, destaca Andréa.
Enfermeira Andréa Santos
Uma pergunta
Se a doença voltar, quais podem ser as consequências para população?
A doença causa paralisia infantil. Os membros afetados normalmente são os inferiores e as crianças não caminharão, assim como qualquer outra pessoa que se infestar com o vírus. São pessoas que terão a qualidade de vida comprometida, muitas precisaram de cadeiras de rodas para se locomover, outros permanecerão em seus leitos. Ainda podemos ter os casos mais graves que as pessoas perdem a força dos músculos respiratórios, não conseguindo respirar sem aparelhos. São sequelas para o resto de suas vidas.
A poliomielite é endêmica no Paquistão e no Afeganistão e, com o fluxo de pessoas que viaja pelo mundo, o vírus pode ser transportado para cá, ou qualquer outro município vizinho. Na comunidade em geral a volta da polio seria um problema sério. Além da readequação da estrutura na família, a rede de assistência deverá estar preparada para receber estas pessoas, a saúde, educação, turismo, lazer, comércio. Seria um grande impacto para a nossa comunidade, explica Andréa Santos.